O consumo do caldo de cana, bebida tradicional nas feiras, traz benefícios à saúde. É o que explica a nutricionista Ana Paula Machado, que esclarece outras dúvidas relacionadas a bebida, como: se o caldo de cana engorda? Se há contraindicação? Quais os cuidados que se deve ter ao consumir a bebida?
A profissional de nutrição ainda destaca como deixar o caldo de cana mais saboroso.
O líquido é extraído da cana-de-açúcar, que é muito cultivada em regiões de climas tropicais e subtropicais. O caldo é feito a partir da colheita da cana, que após ter o caule limpo é exprimido, gerando a bebida.
A nutricionista explica que o caldo de cana é uma bebida energética, com elevada concentração de carboidratos. “Além de 3% a 5% de minerais, sendo eles: ferro, cálcio, potássio, sódio, fósforo, magnésio e algumas vitaminas do complexo B e C, além de ácidos fenólicos e flavonoides (antioxidantes)”, destaca.
Conforme a profissional, o valor calórico está diretamente ligado ao seu alto teor de açúcar, composto de 40% a 50% de açúcares na matéria seca. Contudo, segundo ela, o conteúdo de proteínas é extremamente baixo, o que o torna um alimento desbalanceado em relação aos seus macronutrientes (carboidratos, proteínas e gorduras).
“Apesar dos teores de vitaminas e minerais representarem 10% das recomendações em uma ingestão de 200ml do caldo e até 30% da recomendação como é o caso da vitamina C, riboflavina e tiamina, não é algo que influencie o consumo diário do caldo frente a outros vegetais da nossa dieta habitual”, complementa.
As pessoas que gostam de caldo de cana, além do prazer de consumir a bebida, também poderão obter benefícios à saúde. Entre eles estão o fortalecimento da imunidade e a melhora de inflamações, segundo explica Ana Paula.
“Também ajuda no tratamento de diversas enfermidades por apresentar diversos compostos antioxidantes (ácidos fenólicos e flavonoides), e das vitaminas do complexo B e C”, salienta.
A nutricionista explica que o líquido ainda é um ótimo aliado no combate a fadiga, por conta do alto teor calórico e grande quantidade de açúcares. O caldo de cana também é ideal para praticantes de atividades físicas bem treinados e atletas, pois ajuda na recuperação muscular.
“Pesquisas estão sendo desenvolvidas com o objetivo de utilizar o caldo de cana como repositor energético e de carboidratos para atletas em substituição à maltodextrina, dextrose, bebidas esportivas ou gel de carboidrato por ser um alimento natural, abundante em nosso país e de baixo custo”, destaca a nutricionista, que possui pós-graduação em Nutrição Funcional e Esportiva.
O caldo de cana ainda pode ajudar na prevenção de anemia, pois apresenta diversas vitaminas e minerais, inclusive o ferro.
A nutricionista destaca que, apesar dos benefícios, não há recomendações de consumo diário do caldo de cana para repor os nutrientes. “Isso porque, em uma dieta balanceada, é fácil de se encontrar todos os nutrientes existentes no caldo de cana, visto que, por ser uma bebida calórica e com alta concentração de carboidratos, não se encaixa facilmente em uma dieta para a população geral”, explica.
A recomendação da profissional é que o consumo do líquido seja feito ‘de forma eventual para a população geral, seguindo a orientação de consumo de doces e açúcares que constam na nossa pirâmide alimentar brasileira, que é de uma porção ao dia’.
Ela destaca que ainda se deve evitar consumir o caldo de cana de forma isolado ou em substituição de alguma refeição. “É sempre importante conciliar com o consumo de algum outro macronutriente, proteínas e/ou gorduras, para que a absorção de todo esse carboidrato fique um pouco mais lenta dentro do organismo e não altere a produção natural de insulina – que, ao longo prazo e por insistência de hábitos ruins, pode levar a diabetes mellitus tipo 2”, esclarece.
Além de ser consumido puro, a bebida pode receber incremento de ingredientes para ficar ainda mais saborosa. A nutricionista destaca que uma maneira de deixar o caldo de cana mais delicioso é incluir vitaminas.
“É possível adicionar suco de abacaxi ou limão, que por ser cítrico, combina bem com o doce do caldo, deixando uma bebida um pouco mais equilibrada no sabor”, comenta.
Outra opção, segundo ela, é usar o caldo em drinques, como nas famosas caipirinhas. Ou ainda para temperar carnes e até mesmo em receitas de doces, como bolos e pudim.
Ana Paula explica que na alimentação, de forma geral, deve-se dosar a ingestão de carboidratos e açúcares, pois o excesso pode causar problemas à saúde.
Por ser uma bebida muito calórica e com alto teor de carboidratos, a nutricionista alerta que as pessoas devem ficar atentas ao consumo em excesso. Além disso, a profissional destaca que para quem deseja emagrecer, a bebida pode acabar comprometendo a dieta e levar ao aumento de peso e acúmulo de gorduras.
“Ainda relembro que, de acordo com a pirâmide alimentar brasileira, no grupo de doces e açúcares, consta a informação de consumo de 1 porção ao dia. Contudo, assim como qualquer alimento ou produto, isoladamente não engorda”, pontua.
Ana Paula destaca que a única contraindicação para o consumo de caldo de cana é feita para diabéticos. Isso, “por conta do alto teor de carboidratos que provoca uma elevação rápida da glicemia no sangue, o que vai precisar de uma ativação rápida da insulina pelo corpo”.
Porém, ela destaca que – diante de um acompanhamento com nutricionista e médico – “o consumo moderado do caldo por pessoas diabéticas, que cuidam da alimentação diariamente, é uma possibilidade”.
A nutricionista destaca que se deve ter cuidado com o local aonde irá consumir a bebida, pois é preciso verificar se o ambiente possui boa higiene para evitar surgimento de doenças.
A profissional ainda alerta que o caldo de cana é altamente perecível e por isso recomenda que o consumo deva ocorrer logo após a extração. “Isso ocorre devido às condições higiênico sanitárias durante a obtenção do caldo, à concentração de açúcar, à atividade de água e ao pH, que transforma no caldo de cana em um excelente veiculador de microrganismos, sejam eles potencialmente patogênicos ou deteriorantes. Os sinais de deterioração mais comuns são alteração de sabor e cor”, explica.